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Divulgação Científica
1. Abuso infantil pode amplificar a dor musculoesquelética na fase adulta
Pesquisadores
da Universidade Estadual de Roraima,
localizado no Brasil, conduziram, em junho
de 2024, uma revisão narrativa para
investigar a relação entre abuso sexual
infantil e dores crônicas
musculoesqueléticas, como a fibromialgia. O
objetivo do estudo foi compreender os
mecanismos por trás dessa conexão a fim de
auxiliar em uma melhor abordagem
multidisciplinar para a prevenção e
tratamento da dor musculoesquelética. A
descoberta principal foi que o trauma de uma
violência pode desregular o sistema nervoso
central, causando uma sensibilização
central, e dessa forma, amplificando a dor.
Foram
utilizados artigos sobre crianças e
adolescentes, abuso sexual, fibromialgia e
dor musculoesquelética, sendo aceitos
artigos da base de dados PubMed e Google
Scholar dos últimos 10 anos, em inglês,
português e espanhol. Após a análise dos
artigos escolhidos e observando a relação
entre a dor musculoesquelética e abuso
sexual infantil, foi possível perceber o
impacto que esses eventos traumáticos causam
na qualidade de vida dos indivíduos na fase
adulta. Ademais, os pesquisadores ressaltam
que o diagnóstico precoce, bem como a
prevenção do abuso infantil, pode ajudar a
minimizar o sofrimento e diminuir a
incidência da doença.
Destarte, o
artigo é relevante para a comunidade médica,
uma vez que é recomendado que a equipe tenha
compreensão sobre os mecanismos
neurobiológicos, além dos aspectos
biopsicossociais dos pacientes que sofreram
abusos na infância, para que o tratamento
possa ser eficaz e melhorar a qualidade de
vida desses indivíduos.
Referência:
Oliveira EP, Chaves MF, Silva NL, Ishtiaq JM,
Lima GM. Abuso sexual na infância e
adolescência como fator de risco para
fibromialgia e dor musculoesquelética: uma
revisão narrativa. Braz J Health Rev.
2024;7(3):e70905. doi:10.34119/bjhrv7n3-491
Escrito por
Maria Clara Alexandroni Cordova de Sousa.
2. Dor relatada no puerpério imediato
Estudo demonstra que medida de dor relatada
por puérperas segundo a via de parto é
moderada. No entanto, a dor intensa e a
percepção de analgesia inadequada estão
associadas a fatores como recém-nascido
encaminhado a UTIN (Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal), cor de pele não branca,
hemorragia pós-parto e parto instrumental. O
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia,
juntamente com o Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina
conduziram uma pesquisa observacional
transversal em um hospital universitário no
Sul do Brasil entre outubro e dezembro de
2020 com o objetivo de quantificar os níveis
de dor segundo a via de nascimento e quais
as características podem contribuir ainda
mais para a intensidade dessa dor. Isso
porque, o estudo da dor no puerpério
imediato tende a ser menos pesquisado do que
a gestação e o parto.
Este estudo observacional, descritivo e
transversal contou com a ferramenta STROBE (STrengthening
the Reporting of OBservational studies in
Epidemiology) para a sua elaboração. Teve
uma amostra final de 229 puérperas elegíveis
e os dados foram coletados a partir de um
questionário respondido por essas mulheres,
além da coleta de dados também do prontuário
hospitalar. O questionário, este elaborado
especialmente para esse estudo, foi aplicado
pelos pesquisadores no dia da alta
hospitalar de cada puérpera e após a
entrevista, os dados coletados no prontuário
seguiram uma ficha de acordo com as
variáveis de interesse. As variáveis
estudadas abarcaram: dor intensa referida,
nível de dor pela EVA (Escala Visual
Analógica), percepção de analgesia,
dificuldade de autocuidado e dificuldade de
cuidar do recém-nascido (RN), sensação de
fraqueza e de desmaio, além de idade, cor da
pele, situação conjugal, escolaridade,
paridade, se exerce atividade remunerada,
presença de acompanhante no momento do
parto; todas respondidas no questionário
autoaplicado. Já as variáveis consultadas no
prontuário e cartão de pré-natal da paciente
foram: pré-natal adequado, idade gestacional
no momento do parto, via de nascimento,
presença de hemorragia pós-parto, internação
do RN em UTIN, presença e grau de laceração
perineal e sutura de laceração perineal.
Portanto, os achados encontrados
relacionados à dor variaram de acordo com a
via de nascimento em correlação com outros
aspectos. Logo, faz-se necessário mais
estudos sobre a dor no puerpério, visto que
essa é uma dor multifatorial e que é
vivenciada pelas pessoas de forma diferente
e tal estudo teve como limitação ser
realizado em apenas um hospital e não
abordar a dor do puerpério tardio.
Referência: Rocha, M. N. M. C. D., Knobel,
R., Arruda, Y. L. G., Nandi, V. L., Pereira,
J. G., & Velho, M. B. (2024). Dor relatada
por puérperas no alojamento conjunto segundo
a via de nascimento. BrJP, 7, e20240007. Escrito por Gabriela Oliveira Gonçalves.
3. Fotobiomodulação não apresenta resultados superiores ao placebo na dor da incisão de cesárea
Um grupo de
pesquisadores da Universidade Estadual de
Campinas, Universidade Estadual Paulista e
do Centro Universitário das Faculdades
Associadas de Ensino, todas localizadas em
São Paulo, no Brasil, conduziu um estudo
experimental, comparativo e quantitativo
sobre a influência da fotobiomodulação na
dor da incisão de cesárea. A principal
descoberta do estudo foi que todos os grupos
apresentaram melhora significativa,
independente da fotobiomodulação.
A pesquisa foi
feita com 125 puérperas, entre 18 e 40 anos,
divididas em 5 grupos, e a avaliação da dor
foi feita por meio da Escala Visual
Analógica de Dor. Os dois primeiros grupos
receberam tratamentos semelhantes, com
diferença apenas no comprimento de onda
utilizado pelo aparelho, já o terceiro grupo
recebeu a fotobiomodulação sistêmica, que é
a irradiação do laser vermelho sobre a
artéria radial por trinta minutos. Os dois
últimos grupos receberam o tratamento com o
aparelho desligado. As pacientes de todos os
grupos relataram alívio da dor após o
procedimento.
Em suma, a
fotobiomodulação não apresentou melhores
resultados comparados com o grupo de
controle. A principal desvantagem do estudo
discutido foi a quantidade limitada de
sessões, que pode ter refletido no resultado
não esperado. Esse estudo é de relevância
para toda a comunidade, pois pode auxiliar
na escolha de técnicas que aliviam a dor com
maior eficácia para melhorar a qualidade de
vida da mãe.
Referência:
Freitas IB, Franco LF, Patrício LG, Soares
AC, Rosa IC, Regone W, Ferreira RG.
Influência da fotobiomodulação na dor da
incisão de cesárea. Rev Bras Rev Saúde.
2024;7(3). doi:10.34119/bjhrv7n3-432
Escrito por Maria Clara Alexandroni
Cordova de Sousa.
4. Estigma associado a dor crônica
Pesquisadores
comprovaram correlações positivas
significativas entre estigma e intensidade
da dor, incapacidade e depressão, com
efeitos pequenos a moderados. Hickling et
al. (2023) realizaram uma meta-análise e
revisão sistemática para investigar a
correlação entre estigma e resultados de dor
crônica. Os autores concluíram que o estigma
está significativamente associado à dor
crônica, incapacidade e depressão.
A pesquisa
revisou 168 estudos completos, dos quais 19
(com 18.822 participantes) atenderam aos
critérios de inclusão: participantes adultos
com dor crônica não maligna (≥3 meses),
medidas de estigma e estudos publicados em
inglês. Foram utilizados cinco bancos de
dados (Medline, Embase, CINAHL, PsycINFO e
Web of Science) e literatura cinzenta (OpenGrey).
A maioria dos estudos foi conduzida nos
Estados Unidos, a variação da idade média
dos participantes foi de 38 a 60 anos, e a
maioria era do sexo feminino. Foram
utilizadas quatorze ferramentas diferentes
para medir o estigma entre os estudos, sendo
a Escala de Estigma Internalizado em Pessoas
Vivendo com Dor Crônica (ISCP) a mais comum.
Devido à
variabilidade nas definições e à imprecisão
decorrente da subjetividade do tema, há
limitações no estudo. Isso indica a
necessidade de mais pesquisas para
aprofundar o entendimento e melhorar as
intervenções no manejo da dor crônica.
Referências:
Hickling, L. M., Allani, S., Cella, M., &
Scott, W. (2024). A systematic review with
meta-analyses of the association between
stigma and chronic pain outcomes. Pain,
165(8), 1689–1701. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003243
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
5. Participação dos pais em procedimentos dolorosos em neonatos reduz ansiedade parental
Estudo realizado no Reino Unido apontou redução de ansiedade de pais ao oferecerem toque suave aos filhos neonatos, durante procedimento doloroso, e maior presença de sentimentos positivos como tranquilização, calma e utilidade. A ansiedade dos pais foi mensurada por meio do uso de um instrumento específico, além disso, os sentimentos dos pais em relação à pesquisa e ao conforto oferecidos aos filhos foram verificados por um questionário anônimo. O objetivo foi explorar a ansiedade e angústia dos pais e a experiência dos pais enquanto participavam da pesquisa sobre efeito do toque parental na dor neonatal. O estudo verificou maior presença de sentimentos positivos e menor ansiedade parental quando incluída a participação dos pais em procedimentos dolorosos em bebês.
A amostra da pesquisa foi composta de 106 díades pais-bebês e o toque parental foi feito durante uma punção no calcanhar dos bebês. Os pais foram instruídos por uma animação exibida em uma tela e acariciaram a perna dos filhos por 10 segundos, no grupo intervenção os pais acariciaram os bebês antes da punção e no grupo de intervenção os pais realizaram o toque logo após. Ademais, o instrumento utilizado para mensurar a ansiedade parental foi o State Trait Anxiety Inventory (STAI-S) e as outras experiências dos cuidadores foram verificadas por meio de um questionário anônimo que questionava a opinião sobre a importância da participação do estudo, sentimentos sentidos e possibilidade de nova participação em outros estudos.
O estudo ressalta a importância da inclusão dos pais em pesquisas relacionadas à dor neonatal e a relevância da compreensão das suas experiências na provisão do alívio da dor.
Referências: van der Vaart M, Hauck AGV, Mansfield R, Adams E, Bhatt A, Cobo MM, Crankshaw D, Dhami A, Hartley C, Monk V, Evans Fry R, Moultrie F, Robinson S, Yong J, Poorun R, Baxter L, Slater R. Parental experience of neonatal pain research while participating in the Parental touch trial (Petal). Pain. 2024 Aug 1;165(8):1727-1734. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003177. Epub 2024 Jan 25. PMID: 38284396; PMCID: PMC11247449.
Escrito por Ana Carolina Teles Marçal.
6. Intervenção de Saúde Digital como aliada para a redução de opioides Intervenção
com vídeo psicoeducacional e mensagens de
texto mostrou-se uma importante ferramenta
de suporte para pacientes com dor crônica em
redução gradual de opioides. Pesquisadores
australianos, entre 2021 e 2023, realizaram
esse estudo mediante a utilização das
tecnologias de saúde digital, com o intuito
de analisar como esse tratamento adjuvante
pode ser benéfico e sua aceitabilidade pelos
pacientes durante a redução medicamentosa.
Os pacientes
do grupo de intervenção deste ensaio piloto
aleatorizado controlado utilizaram a
ferramenta mHealth para acessar um vídeo
psicoeducacional de 10 minutos e receber
mensagens de texto duas vezes ao dia, além
do tratamento convencional. O vídeo
consistia em informações sobre dor, a
redução gradual dos opioides, estratégias de
gerenciamento da dor e suporte emocional na
forma de depoimentos. Já o conteúdo das
mensagens reforçava o conteúdo do vídeo. A
intervenção teve boa aceitabilidade e
engajamento.
Saúde Digital
mostra-se uma ferramenta de amparo
socioemocional e educacional para pacientes
com doença crônica em redução medicamentosa.
Esse ensaio piloto é fundamental para
ampliar o campo adjuvante ao tratamento
desses pacientes. Como limitação, o tamanho
da amostra planejada era de 40
participantes, porém apenas 26 pacientes
concluíram o estudo.
Referências:
Gholamrezaei A, Magee MR, McNeilage AG, et
al. A digital health intervention to support
patients with chronic pain during
prescription opioid tapering: a pilot
randomised controlled trial. Preprint.
medRxiv. 2023;2023.05.10.23289771. Published
2023 May 11. doi:10.1101/2023.05.10.23289771 Escrito por Emanuelle Lorraine Nolêto das Neves.
7. A medula rostral ventromedial para modulação da dor e comportamentos depressivos
Um estudo mostrou que a ativação da medula rostral previne dores e comportamentos relacionados à depressão induzidos por estresse crônico, e sua inibição induz um fenótipo suscetível ao estresse e à dor. Ele foi realizado no estado de São Paulo e avaliou a resposta a ações estressoras em ratos, a fim de buscar uma associação entre inibição e ativação da medula e o aumento ou diminuição de estresse.
Para que fosse realizado foram utilizados ratos machos que tiveram sua medula rostral ventromedial ativada ou inibida e foram expostos a estressores e sensação dolorosa. O estresse era observado através de comportamentos como evitamento social, preferência por sacarose e nado forçado. Além disso, foi utilizado filamento de Von Frey para avaliar o limiar nociceptivo mecânico e teste de capsaicina para avaliar a hiperalgesia química. A partir disso, foi possível observar a ação resolutória das exposições.
Dessa forma, o estudo traz que a ativação da medula rostral ventromedial teve respostas positivas em relação ao comportamento de estresse, trazendo informações relevantes para o entendimento da dor. No entanto, os autores ressaltam que a participação da medula rostral ventromedial no processo de cronificação da dor em um contexto relacionado à depressão ainda precisa ser mais explorada.
Referências: Pagliusi M Jr, Amorim-Marques AP, Lobo MK, Guimarães FS, Lisboa SF, Gomes FV. The rostral ventromedial medulla modulates pain and depression-related behaviors caused by social stress. Pain. 2024;165(8):1814-1823. doi:10.1097/j.pain.0000000000003257
Escrito por Mariana Jonas Smith.
8. Grupos de pessoas idosas demonstra diminuição da intensidade da dor independente de cuidados baseados na música
Um ensaio
clínico realizado na Noruega revelou que o
cuidado baseado na música não apresentou
impactos significativos na diminuição da
intensidade da dor entre pessoas idosas com
demência e dor crônica residentes de 12
Instituições de Longa Permanência. Os dados
foram coletados em 5 locais das cidades de
Oslo e 7 de Trondheim entre junho de 2020 e
junho de 2021. Para a triagem de pacientes
elegíveis, cinco enfermeiros ligados à
pesquisa com apoio de profissionais das
instituições, realizaram avaliações para
medições do nível demencial e da intensidade
álgica. Além disso, médicos especialistas
examinaram a amostra para diagnósticos do
tipo de dor, distribuindo-as entre os
principais subtipos da dor crônica primária
e secundária.
A amostra
final foi composta por 243 pessoas, com 119
pertencendo ao grupo de intervenção e 124 no
grupo controle – que não receberam o cuidado
baseado em música. A intervenção teve
duração de 8 semanas e em momentos do
cotidiano a equipe disponibilizava músicas
de acordo com o gosto individual do
participante, podendo também ocorrer o uso
do recurso em grupos. As escalas “Clinical
Dementia Rating” e
“Mobilization-Observation-Behavior-Intensity-Dementia
Pain Scale” foram aplicadas e verificou-se
ao final que ambos os grupos apresentaram
diminuição da intensidade da dor, porém não
foram observadas diferenças significativas
entre os dois e nem impactos na quantidade
de minutos aplicados e entre os diferentes
tipos de dor crônica.
Apesar dos
resultados não terem sido significativos,
deve-se levar em conta que a avaliação final
foi realizada 1 semana após a prática, sendo
essencial a realização de estudos que
analisem o alívio da dor quando se escuta a
música ou pouco tempo após a prática. Também
é válido destacar o impacto que a pandemia
de Covid-19 teve para atuações grupais.
Referências:
Myrenget, Martin Elstada,b,*; Rustøen, Tonec,d;
Myskja, Audune; Småstuen, Miladac,d; Rangul,
Vegarf,g; Håpnes, Oddf; Borchgrevink, Petter
C.a,b; Butler, Stephenh,i; Selbæk, Geirj,k,l;
Husebø, Bettinam,n; Sandvik, Reiduno,p. The
effect of a music-based caregiving
intervention on pain intensity in nursing
home patients with dementia: a
cluster-randomized controlled study. PAIN
165(7):p 1550-1558, July 2024. | DOI:
10.1097/j.pain.0000000000003156
Escrito por Júlia Paiva Fideles.
9. Toxina botulínica tipo A mostra potencial no tratamento da dor neuropática crônica
Um estudo
abordou os efeitos neurobiológicos da toxina
botulínica tipo A (BoNT/A) na dor
neuropática crônica (DNC). Conhecida por
tratar distúrbios como espasticidade e
enxaquecas, a BoNT/A mostrou-se eficaz na
modulação central da dor e na redução da
sensibilização central e inflamação
neurogênica, oferecendo uma nova abordagem
para o manejo da DNC.
A revisão
sistemática analisou 62 artigos selecionados
entre 392 inicialmente triados, focando em
estudos in vivo e in vitro em humanos e
animais. A BoNT/A demonstrou efeito
antinociceptivo dentro de uma semana, com
duração de até três meses. No entanto, a
variabilidade de dosagem e diferença nos
distúrbios estudados dificultam a definição
de um padrão terapêutico. A técnica de
administração variou significativamente
entre os estudos, mas a maioria confirmou a
eficácia antinociceptiva da BoNT/A.
A revisão
destaca que a BoNT/A pode oferecer uma
abordagem multifacetada para o manejo da dor
neuropática, atuando em diversos mecanismos
subjacentes à plasticidade desadaptativa da
DNC. Apesar dos desafios na dosagem e
técnica de administração, os resultados
sugerem um potencial terapêutico
significativo da BoNT/A. Estudos futuros são
necessários para explorar mais a fundo os
mecanismos neurobiológicos e confirmar seus
efeitos em humanos.
Referências:
Moreau, Moreau, N., Korai, S. A., Sepe, G.,
Panetsos, F., Papa, M., & Cirillo, G.
(2024). Peripheral and central
neurobiological effects of botulinum toxin A
(BoNT/A) in neuropathic pain: a systematic
review. Pain, 165(8), 1674–1688. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003204.
Escrito por Larissa Souza França.
10. Bem-estar e qualidade de vida para pessoas com dor crônica
Um ensaio clínico aleatorizado feito durante 12 meses teve como objetivo avaliar a eficácia do EPIO, uma intervenção de autogestão digital baseada em evidências e centrada no usuário (pessoas com dor crônica). A dor crônica é um problema de saúde pessoal e de preocupação pública, uma vez que esta impacta fatores biológicos, psicológicos e sociais, assim, alterando a qualidade de vida dos indivíduos. Dessa forma, encontrar abordagens para autogestão da dor é fundamental. Com este intuito, o programa EPIO, nome inspirado na deusa grega Epione conhecida por alívio da dor, tem como objetivo a autogestão da dor. Ao fim do estudo, o grupo intervenção com acesso ao EPIO relatou sintomas significativamente mais baixos de depressão e autorregulação, melhor qualidade de vida, vitalidade e saúde mental quando comparados ao grupo controle. Ou seja, a intervenção foi associada a mudanças significativas para variáveis psicológicas. Logo, o EPIO pode contribuir para o bem-estar psicológico e melhor qualidade de vida, mesmo vivendo com dor crônica.
O estudo foi feito a partir da seleção de pessoas com dor crônica (dor por mais de 3 meses) exceto dor crônica relacionada ao câncer, enxaqueca e doenças psicológicas graves. A amostra final foi composta por 259 pessoas, as quais foram dispostas aleatoriamente no grupo intervenção com o programa EPIO e grupo controle com cuidados habituais. A coleta de dados foi feita de 3 em 3 meses, durante 12 meses. Além disso, foram avaliadas uma série de questões sobre a dor como interferência da dor, sintomas de ansiedade e depressão, qualidade de vida, entre outros fatores.
O grupo intervenção recebeu uma introdução sobre o aplicativo, além de breves telefonemas de acompanhamento. O conteúdo do programa EPIO é baseado principalmente em Terapia Cognitiva Comportamental (TCC), e gira em torno de componentes conhecidos para o autogerenciamento da dor. O EPIO é composto por 9 módulos contendo uma combinação de informações psicoeducacionais (por exemplo, sobre dor, importância do ritmo da atividade, e uso de estratégias de enfrentamento) e exercícios abordando, desafios de pensamento e respiração diafragmática.
Referência: Solberg Nes, L., Børøsund, E., Varsi, C., Eide, H., Waxenberg, L. B., Weiss, K. E., Morrison, E. J., Støle, H. S., Kristjansdottir, Ó. B., Bostrøm, K., Strand, E. B., Hagen, M. C. S., Stubhaug, A., & Schreurs, K. M. G. (2024). Living well with chronic pain: a 12-month randomized controlled trial revealing impact from the digital pain self-management program EPIO. Pain reports, 9(4), e1174. https://doi.org/10.1097/PR9.0000000000001174
Escrito por Milena Dias Oliveira.
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