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Divulgação Científica
1. Amigos de quatro patas: presença de cães alivia a dor melhor que a de humanos
A presença de
cães alivia a dor melhor que a de amigos
humanos, revela estudo realizado no Reino
Unido e publicado em agosto de 2024. A dor é
frequentemente associada ao estresse e ao
sofrimento psicológico. Considerando que os
cães de estimação são frequentemente vistos
como membros da família e amigos, este
trabalho investigou se a presença de um cão
de estimação pode ser mais eficiente na
redução da dor do que na presença de um
amigo humano. O estudo investigou como
diferentes tipos de companhia influenciam a
experiência de dor em mulheres que passaram
por uma experiência dolorosa em três
situações distintas: na presença de cães,
amigos humanos e sozinhas.
Para a
realização do estudo, as mulheres colocaram
a mão em água gelada e a intensidade da dor
foi avaliada em diferentes condições. Os
resultados mostraram que a presença dos cães
reduziu tanto a percepção subjetiva da dor
quanto sinais de desconforto físico, como
expressões faciais. Em contraste, amigos
humanos não proporcionaram o mesmo efeito
analgésico. Uma possível explicação para
esse resultado está na natureza do apoio: os
cães oferecem conforto incondicional e sem
julgamentos, criando um ambiente
emocionalmente seguro, enquanto a presença
de outras pessoas pode gerar sensação de
julgamento e aumentar o estresse.
Os resultados
destacam o potencial dos cães como aliados
terapêuticos, destacando seu benefício em
contextos de dor. No entanto, a pesquisa foi
limitada a mulheres e a situações
controladas, indicando a necessidade de
estudos futuros em diferentes cenários e
públicos.
Referência:
Mauersberger H, Springer A, Fotopoulou A,
Blaison C, Hess U. Pet dogs succeed where
human companions fail: The presence of pet
dogs reduces pain. Acta Psychol (Amst).
2024;249:104418. doi:10.1016/j.actpsy.2024.104418.
Escrito por
Gabriele de Abreu Barreto.
2. Estudo na Alemanha mostra que músicos são mais sensíveis a dor mas resistem mais a ela
Pesquisadores alemães descobriram que
músicos profissionais possuem uma
sensibilidade maior à dor nas mãos e nos pés
em comparação a não músicos, no entanto,
eles demonstram maior resistência à dor. Um
estudo clínico conduzido em 2024 analisou a
sensibilidade à dor de estudantes de música
da Universidade de Hannover. Os
pesquisadores investigaram se a prática
prolongada de instrumentos, como piano,
violoncelo, violino e harpa, poderia
aumentar a sensibilidade à dor e a
resistência a estímulos dolorosos repetidos.
O estudo se justifica pelas frequentes
queixas de dor e lesões musculoesqueléticas
entre músicos profissionais durante o
treinamento e ao longo da carreira.
Nesse estudo, estudantes de música com carga
horária mínima de 10.000 horas de prática,
foram submetidos a estímulos dolorosos
controlados de calor nas mãos e nos pés. Em
seguida, responderam a um questionário que
mediu a intensidade dolorosa. O mesmo
procedimento foi aplicado a estudantes
voluntários de outras áreas. Ao comparar
músicos e não músicos, os investigadores
descobriram que os músicos apresentavam um
menor limiar de dor, ou seja, sentiam dor
com estímulos menores, entretanto, tinham
uma maior capacidade de se adaptar e
resistir à dor contínua.
Essa descoberta sugere que a prática intensa
de instrumentos musicais pode estar
associada a adaptações específicas em
regiões cerebrais que interpretam a dor,
aumentando, assim, a resistência à dor por
músicos. Esse tipo de estudo ajuda a
entender como as atividades profissionais
podem influenciar a percepção da dor.
Referência: Divarco R, Sternkopf F, Lee A,
et al. Lower thresholds and stronger
adaptation to pain in musicians reflect
occupational-specific adaptations to contact
heat stimulation. Eur J Pain. Published
online October 11, 2024. doi:10.1002/ejp.4738 Escrito por Letícia Santos Almeida.
3. Há diferenças sexuais nas expressões faciais de dor?
O sexo
feminino usa com mais predominância as
expressões faciais como exteriorização da
dor. Pesquisadores da Alemanha realizaram um
estudo baseado em uma amostra combinada com
pesquisas feitas entre os anos de 2007 e
2018. Objetivou-se evidenciar a influência
das respostas não verbais à dor,
especialmente expressões faciais e se há
diferenças entre sexos. Além disso, também
foi avaliado se há impacto no autorrelato e
experiência da dor. As diferenças sexuais
foram analisadas com relação aos seguintes
critérios: (1) sensibilidade à dor (limiar
de dor), (2) respostas subjetivas
(classificações), (3) expressões faciais (FACS)
e (4) a relação entre respostas subjetivas e
faciais à dor. Observou-se que os limiares
de dor para mulheres foram menores em
relação aos homens, mas não diferiram nas
respostas subjetivas. Além disso, as
mulheres tiveram respostas de expressões
faciais aumentadas e mais significantes não
só ao estímulo da dor, mas também a estados
emocionais.
A amostra
combinada incluiu dados de 7 estudos
equilibrados, sendo mesclados para formar um
novo conjunto de dados. Foram incluídos 392
participantes, sendo 200 mulheres e 192
homens. A partir disso, os indivíduos
receberam uma aplicação de calor por um
estimulador térmico, adaptada aos limiares
de dor individuais, juntamente com
intervenções não dolorosas de forma
aleatória, observando-se as reações faciais
aos estímulos. Em seguida, escalas
padronizadas de intensidade da dor foram
utilizadas para classificação da dor.
Durante todo o processo, os participantes
foram gravados a partir do FACS, um programa
que avalia movimentos e expressões
anatômicas, analisando unidades de ação
relevantes para a dor.
Os achados
foram considerados estatisticamente
significativos. Entretanto, necessita-se de
mais estudos sobre a temática, visto que a
presente pesquisa é uma das poucas a abordar
o assunto.
Referências:
Schneider, P., Lautenbacher, S., & Kunz, M.
(2024). Sex differences in facial
expressions of pain: results from a combined
sample. Pain, 165(8), 1784–1792. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003180
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho
de Jesus.
4. Cannabis como alternativa de atenuação da dor crônica
A dor crônica
possui melhores resultados de tratamento a
partir do uso de cannabis. Pesquisadores dos
Estados Unidos e Israel realizaram um estudo
de coorte prospectivo baseado em um
questionário eletrônico entre 2019 e 2021. O
objetivo foi avaliar a segurança e
eficiência do uso dos extratos de óleo de
cannabis a longo prazo em pacientes com dor
crônica. Em 2005, a cannabis medicinal foi
aprovada pela primeira vez para uso em
Israel. A hipótese é que a cannabis
medicinal pode ter um impacto positivo no
controle da dor crônica.
O estudo de
coorte contou com a participação de 10
médicos especialistas em dor para a
realização de diagnósticos e coleta de
informações. Um investigador auxiliou 218
pacientes, de 18 anos ou mais, a preencherem
questionários padronizados sobre a dosagem
de cannabis medicinal após 1, 3 e 6 meses de
início do tratamento. Os dados foram
coletados on-line através da tecnologia
Qualtrics. Foram identificadas alterações na
qualidade de vida, sintomas e diminuição na
intensidade média semanal da dor em cerca de
30%.
Observou-se
uma melhora geral a longo prazo na dor
crônica em relação aos sintomas e segurança
do uso de doses consideravelmente reduzidas
de cannabis medicinal. Entretanto, houve,
como limitações, alguns riscos de viés de
autorrelato, falta de controle sobre a
amostra, taxas de abandono e potencial
confusão de tratamentos adicionais. Além
disso, vê-se a necessidade de haver uma
maior quantidade de evidências de alta
qualidade sobre a temática.
Referências:
Pud, D., Aamar, S., Schiff-Keren, B.,
Sheinfeld, R., Brill, S., Robinson, D.,
Fogelman, Y., Habib, G., Sharon, H., Amital,
H., Boltyansky, B., Haroutounian, S., &
Eisenberg, E. (2024). Cannabis oil extracts
for chronic pain: what else can be learned
from another structured prospective cohort?.
Pain reports, 9(2), e1143. https://doi.org/10.1097/PR9.0000000000001143
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho
de Jesus.
5. Estudo revela imigração como um fator de risco para dor crônica em jovens na Espanha
A Universidade
Rovira e Virgili, de Teragona na Espanha,
publicou uma pesquisa que conduzida entre
2021 e 2023 revela que o histórico de
imigração é um fator de risco significativo
para dor crônica e dor crônica de alto
impacto entre crianças e adolescentes na
Espanha. A pesquisa foi realizada com base
em análise de dados de jovens com diferentes
origens migratórias vivendo na Espanha. Foi
descoberto pelos pesquisadores que crianças
e adolescentes imigrantes enfrentam um risco
maior de experimentar dor crônica em
comparação com seus pares não imigrantes. O
estudo examinou como esse risco varia com a
idade e buscou entender as causas
subjacentes desse fenômeno. Este achado
destaca a necessidade urgente de políticas
de saúde pública mais inclusivas para apoiar
a saúde dos jovens imigrantes na Espanha.
A pesquisa
utilizou questionários e entrevistas para
coletar informações sobre a presença e a
intensidade da dor que essas crianças e
adolescentes sentiam. O estudo comparou os
dados de jovens imigrantes com os de jovens
não imigrantes, levando em consideração a
idade para ver como o risco de dor crônica
mudava ao longo do tempo. Através dessa
análise, os cientistas descobriram que
jovens com histórico de imigração tinham uma
maior probabilidade de sofrer de dor crônica
e formas graves de dor, especialmente à
medida que envelheciam. Este estudo usou
técnicas estatísticas para identificar essas
diferenças e explorar as causas possíveis
deste aumento no risco de dor.
O estudo
confirma que o histórico de imigração é um
fator de risco significativo para dor
crônica e dor crônica de alto impacto entre
crianças e adolescentes na Espanha. No
entanto, a pesquisa possui limitações, como
a falta de dados sobre os contextos
individuais de imigração, o que poderia
oferecer uma visão mais ampla das causas.
Futuras investigações devem explorar mais a
fundo essas causas.
Referências:
Roman-Juan J, Sánchez-Rodríguez E, Solé E,
Castarlenas E, Jensen MP, Miró J.
Immigration background as a risk factor of
chronic pain and high-impact chronic pain in
children and adolescents living in Spain:
differences as a function of age. Pain. 2024
Jun 1;165(6):1372-1379. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003142.
Epub 2024 Jan 2. PMID: 38189183.
Escrito por Clara Leite Trigueiro.
6. Neuroinflamação: um elemento comum na dor, ansiedade e depressão associadas à osteoartrite Pesquisadores
italianos descobriram que a neuroinflamação,
além de causar dor física, está ligada a
problemas psicológicos e emocionais na
osteoartrite (OA). Publicado na revista Pain
em 2024, o estudo revisou pesquisas com
modelos de camundongos, analisando como
processos inflamatórios no sistema nervoso
periférico e central impactam os sintomas e
alimentam um ciclo de sofrimento na OA.
Compreender melhor os mecanismos da doença
podem trazer novas possibilidades
terapêuticas focadas em alvos específicos,
com potencial para transformar seu
tratamento.
Este estudo,
uma revisão narrativa, avaliou a relação
entre neuroinflamação, dor, ansiedade e
depressão na OA, analisando pesquisas que
utilizaram modelos de camundongos para
induzir a doença e avaliar aspectos
comportamentais e laboratoriais. Os
resultados destacaram a relevância de
células, como micróglia e astrócitos,
envolvidas nos processos inflamatórios tanto
no sistema nervoso central quanto no
periférico. A ativação dessas células
promove a liberação de mediadores
inflamatórios envolvidos simultaneamente na
geração da dor e na modulação de áreas
cerebrais ligadas à regulação do
comportamento emocional.
Portanto, este
estudo mostrou que a neuroinflamação é um
fator central no agravamento da dor e na
manifestação de transtornos como ansiedade e
depressão na OA. Compreender a importância
da neuroinflamação na OA é um ponto de
virada para o desenvolvimento de terapias
mais eficazes e personalizadas. Contudo, é
importante destacar as limitações deste
estudo, como a falta de pesquisas mais
aprofundadas sobre o impacto do
envelhecimento e das diferenças de gênero
nos ensaios experimentais.
Referência:
Amodeo G, Magni G, Galimberti G, et al.
Neuroinflammation in osteoarthritis: From
pain to mood disorders. Biochem Pharmacol.
2024;228:116182. doi:10.1016/j.bcp.2024.116182 Escrito por Annabel Azevedo da Silva.
7. Artrite: análise espacial
A pesquisa demonstrou que processos espaciais distintos influenciam a distribuição de diferentes resultados de dor relacionados à artrite, fornecendo informações valiosas para a formulação de políticas e programas locais destinados a reduzir o risco de artrite e suas consequências. O estudo ecológico transversal conduzido por Feinuo Sun, Anna Zajacova e Hanna Grol-Prokopczyk teve como objetivo investigar as prevalências de artrite e os resultados de dor atribuíveis à artrite em nível de condado nos Estados Unidos. Este trabalho revelou padrões significativos de agrupamento espacial e destacou que os fatores que moldam esses padrões variam conforme os diferentes tipos de dor.
A pesquisa utilizou dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco Comportamentais (BRFSS) de 2011, abrangendo mais de 400.000 residentes dos EUA, complementados por informações do Censo dos EUA de 2010, American Community Survey (ACS) de 2007 a 2011, Arquivos de Recursos de Saúde da Área (AHRF) e Mapa de Taxas de Dispensação de Opioides. Para estimar prevalências de artrite e condições relacionadas (dor nas articulações, dor articular grave e limitação de atividade) em nível de condado, foi aplicada a técnica de estimativa de pequena área (SAE). A amostra final incluiu 425.166 entrevistados, e análises espaciais e modelos de regressão multivariada foram utilizados para visualizar e modelar as distribuições das estimativas em nível de condado. Os resultados revelaram que a porcentagem de indivíduos do sexo feminino está positivamente associada à dor articular grave. Fatores relacionados à composição racial e étnica mostraram associações significativas com dor articular e dor articular grave, mas não com limitações de atividade. Além disso, a taxa de pobreza em nível de condado foi um preditor positivo significativo para todos os três resultados analisados.
Portanto, este estudo oferece uma compreensão detalhada dos padrões espaciais da artrite e da dor associada em nível de condado, sugerindo que diferentes fatores influenciam o risco de diferentes resultados relacionados à artrite. No entanto, devido a várias limitações, são necessárias pesquisas futuras para aprofundar a compreensão de como esses fatores moldam os padrões observados.
Referências: Sun F, Zajacova A, Grol-Prokopczyk H. The geography of arthritis-attributable pain outcomes: a county-level spatial analysis. Pain. 2024 Jul 1;165(7):1505-1512. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003155. Epub 2024 Jan 25. PMID: 38284413; PMCID: PMC11190894.
Escrito por Isabela Ribeiro de Azevedo.
8. Efeitos da abertura de canais de potássio na dor
Pesquisadores
dinamarqueses investigaram se a abertura dos
canais de potássio sensíveis ao trifosfato
de adenosina (KATP) pode desencadear crises
de cefaleia em salvas. O estudo foi
realizado no Centro Dinamarquês de Dor de
Cabeça entre junho de 2021 e setembro de
2022 e envolveu a infusão intravenosa de
levcromakalim, um abridor de canal KATP,
para avaliar seu impacto na indução de
ataques de cefaleia em salvas. O objetivo
central foi determinar se a abertura desses
canais provoca ataques em pessoas com
diferentes subtipos de cefaleia em salvas:
episódica, durante uma crise e crônica.
O ensaio,
aleatorizado, duplo-cego e controlado por
placebo, recrutou 41 participantes: 10 com
cefaleia em salvas episódica durante uma
crise, 15 em remissão sem crises e 17 com
cefaleia em salvas crônicas. Durante dois
dias experimentais, os participantes
receberam uma infusão de 20 minutos de
levcromakalim ou placebo, seguida por um
período de observação de 90 minutos. O
principal desfecho foi a incidência de
crises de cefaleia em salvas após a infusão.
Os resultados mostraram que 60% dos
participantes com cefaleia em salvas
episódica em crise tiveram ataques após
levcromakalim, em comparação com 10% após o
placebo. Entre aqueles em remissão, 7%
relataram ataques após levcromakalim,
enquanto nenhum após placebo. Para os
participantes com cefaleia em salvas
crônica, 29% tiveram ataques após
levcromakalim, contra nenhum após o placebo.
Os resultados
indicam uma conexão entre a abertura dos
canais KATP e a ocorrência de ataques de
cefaleia em salvas, especialmente em
períodos de crise ativa. A abertura dos
canais KATP não foi associada ao
desenvolvimento de crises em períodos de
remissão. Essas descobertas sugerem que os
bloqueadores dos canais KATP podem
representar um novo alvo terapêutico para
tratar a cefaleia em salvas. Pesquisas
futuras devem investigar mais a fundo o
papel dos canais KATP na patogênese dessa
condição.
Referência:
Al-Khazali HM, Deligianni CI, Pellesi L, et
al. Induction of cluster headache after
opening of adenosine triphosphate-sensitive
potassium channels: a randomized clinical
trial. Pain. 2024;165(6):1289-1303. doi:10.1097/j.pain.0000000000003130
Escrito por Roberto Junior Rodrigues de
Jesus.
9. Novo modelo animal revela mecanismos da dor neuropática corneana
Pesquisadores
da Universidade de Fudan na China
investigaram a dor neuropática corneana
(DNC) causada pela ligadura do nervo ciliar
longo (NCL) em ratos. O objetivo deste
estudo, realizado em ambiente laboratorial,
foi investigar os principais mecanismos da
DNC e avaliar a eficácia dos tratamentos
analgésicos. Os resultados mostraram que os
ratos submetidos à ligadura do NCL
apresentaram hiperalgesia corneana
significativa, incluindo aumento da
sensibilidade mecânica e química, além de
piscamento espontâneo e fotofobia. A
administração de morfina ou gabapentina
reduziu significativamente esses sintomas,
destacando o potencial desses medicamentos
no manejo da DNC.
O estudo
utilizou ratos para criar um modelo de DNC
através da ligadura sustentada do NCL.
Avaliações da sensibilidade corneana foram
realizadas usando filamentos de von Frey,
aplicando várias pressões na córnea dos
ratos. A sensibilidade química foi medida
com estímulos de mentol e capsaicina.
Análises histológicas examinaram a densidade
e a morfologia dos nervos corneanos, gerando
a expressão de canais iônicos e fatores
inflamatórios no gânglio trigeminal
quantificada usando técnicas de PCR. A
eficácia de morfina e gabapentina foi
avaliada administrando esses medicamentos e
monitorando a redução dos sintomas de
hiperalgesia e estímulos químicos como
mentol e capsaicina. Análises adicionais
revelaram alterações na densidade e
morfologia dos nervos corneanos, além de
aumentos nos níveis de fatores inflamatórios
no gânglio trigeminal. A hiperalgesia
corneana induzida foi significativamente
aliviada com a administração de morfina ou
gabapentina.
Este modelo
experimental de dor neuropática corneana
representa um grande avanço na compreensão
dos mecanismos da DNC e na avaliação de
novos tratamentos, embora estudos adicionais
sejam necessários para investigar
intervenções a longo prazo e possíveis
efeitos colaterais, este modelo pode ajudar
no desenvolvimento de terapias mais eficazes
para a dor neuropática ocular.
Referência: Wu
J, Yuan T, Fu D, Xu R, Zhang W, Li S, Ding
J, Feng L, Xia Y, Wang J, Li W, Han Y. An
experimental model for primary neuropathic
corneal pain induced by long ciliary nerve
ligation in rats. Pain. 2024 Jun
1;165(6):1391-1403. doi: 10.1097/j.pain.0000000000003141.
Epub 2024 Jan 11. PMID: 38227559.
Escrito por Maria Eduarda Gonçalves Dos
Santos.
10. Tecnologia de sensores: novo aliado na detecção de comportamentos em dor crônica
Uma revisão de
escopo investigou o uso de tecnologia de
sensores para detectar mudanças de
comportamento em indivíduos com dor crônica,
destacando a importância dos fatores
psicológicos e sociais. Após uma pesquisa
inicial com mais de 10.000 resultados, 60
estudos foram selecionados por sua
relevância e qualidade. A personalização e o
envolvimento do usuário são cruciais no
desenvolvimento de tecnologias de
monitoramento para dor crônica. Evidências
sugerem que o medo do movimento e a
cinesiofobia podem influenciar o controle
motor em pessoas com dor lombar crônica,
destacando a complexidade do comportamento
da dor.
A revisão
também identifica novas metodologias, como
câmeras vestíveis e interfaces
cérebro-computador, apontando para a
necessidade de pesquisa interdisciplinar
contínua e inovações tecnológicas. A revisão
analisou uma variedade de sensores,
incluindo acelerômetros, dispositivos de
captura de movimento e sensores que medem
atividade autonômica, sinais vocais e
atividade cerebral. Focando principalmente
em dor musculoesquelética, a maioria dos
estudos ocorreu em ambientes de alta renda.
Os métodos variaram, enfrentando desafios
como dados ausentes e falta de engajamento
dos participantes. A revisão enfatizou a
necessidade de envolver usuários finais no
desenvolvimento e teste dessas tecnologias,
para interpretar os dados de forma
significativa e ajudar no autogerenciamento
da dor crônica.
Referências:
Vitali, D., Olugbade, T., Eccleston, C.,
Keogh, E., Bianchi-Berthouze, N., & de C
Williams, A. C. (2024). Sensing behavior
change in chronic pain: a scoping review of
sensor technology for use in daily life.
Pain, 165(6), 1348–1360. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000003134
Escrito por Larissa Souza França.
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