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Divulgação Científica
1. Sexo, gênero e imagem corporal relacionados a dor
A dor crônica
tem sido reconhecida como uma experiência
não apenas física, mas também psicossocial,
podendo estar relacionada à imagem corporal,
sexo ou gênero. Em 2024, pesquisadores da
Universidade de Toronto, no Canadá,
realizaram uma revisão tópica com o objetivo
de desenvolver uma compreensão mais
aprofundada sobre como a dor crônica pode
ser modulada por esses fatores. A partir da
análise interpretativa do estudo, conclui-se
que há uma correlação entre essas
características e a dor crônica, podendo
influenciar a forma como o indivíduo busca
suporte para o tratamento. Sendo assim, é
necessário adotar uma abordagem
personalizada para cada caso, que leve em
consideração o entendimento da dor crônica
em conjunto com as características
biológicas, psicológicas e sociais.
Um dos
critérios de inclusão era que os artigos
escolhidos deveriam fornecer uma visão geral
sobre dor e imagem corporal, sendo a imagem
corporal definida como aquela que criamos em
nossas mentes sobre como é o nosso corpo e
nossa aparência. Após essa seleção, foi
feita uma discussão detalhada de cada artigo
sobre como a imagem corporal, o sexo e o
gênero poderiam se relacionar com a dor
crônica. O artigo relata que pessoas com
fibromialgia, que possuem um aumento da
insatisfação corporal, podem ter uma maior
intensidade na dor da fibromialgia.
Referência:
Kaya B, Boerner KE, Lord RC, Potter E, Dale
C, Moayedi M. Body image, sex, gender, and
pain: towards an improved understanding of
pain mechanisms. Pain.
2024;165(12):2673-2678. doi:10.1097/j.pain.0000000000003309
Escrito por Luana Júlia Faria Gonçalves.
2. Necessidades e preferências educacionais dos pacientes com dor aguda
A falta de
conhecimento dos pacientes sobre a dor aguda
e seu manejo compromete a eficácia do
tratamento. Para investigar essa lacuna,
pesquisadores da Universidade Laval, no
Canadá, realizaram em 2024 uma revisão
sistemática de estudos quantitativos,
qualitativos e de métodos mistos. O estudo
analisou barreiras enfrentadas por
pacientes, profissionais e pelo sistema de
saúde, como o medo do vício em analgésicos e
a desinformação sobre alternativas
terapêuticas. O objetivo foi reunir
evidências para aprimorar a educação sobre
dor e promover um cuidado mais eficaz e
centrado no paciente. A revisão ressaltou a
importância de fornecer informações claras
sobre dor e analgésicos, aliadas a uma
comunicação empática para reduzir a
ansiedade e melhorar a adesão ao tratamento.
Estratégias estruturadas e personalizadas
podem otimizar o manejo da dor, reforçando a
necessidade de uma abordagem educativa
baseada na parceria entre profissionais,
pacientes e cuidadores.
Foram
analisados 32 estudos que incluíram
pacientes com dor aguda decorrente de
cirurgias, lesões, procedimentos médicos ou
outras condições. Os resultados apontam que
a principal necessidade educacional dos
pacientes está relacionada à compreensão da
intensidade da dor esperada, aos
medicamentos prescritos, seus efeitos
adversos e estratégias de prevenção. Em
relação às preferências, os pacientes
destacaram a importância da educação
presencial com profissionais de saúde,
complementada por materiais escritos ou
digitais. Além disso, médicos foram
apontados como a fonte mais confiável de
informações, seguidos por outros membros da
equipe multidisciplinar. Além disso, a dor
pós-traumática gera maior necessidade de
informação, pois os pacientes geralmente não
estão preparados para essa experiência
inesperada. A revisão também ressaltou a
importância de envolver cuidadores na
educação sobre dor, pois seu apoio pode
influenciar positivamente a recuperação do
paciente.
Referências:
Bérubé M, Verret M, Bourque L, et al.
Educational needs and preferences of adult
patients with acute pain: a mixed-methods
systematic review. Pain.
2024;165(12):e162-e183. doi:10.1097/j.pain.0000000000003288 Escrito por Roberto Junior Rodrigues de Jesus.
3. A microbiota intestinal contribui para a evolução da fibromialgia?
A microbiota
intestinal possui uma forte relação
intrínseca com o quadro clínico de
fibromialgia. Reunindo pesquisadores
canadenses e israelenses, um estudo de
revisão bibliográfica foi realizado em 2024
com o intuito de reunir pesquisas emergentes
sobre o tema, pois estas sugerem uma ligação
potencial entre a microbiota intestinal e a
fibromialgia, destacando as implicações para
futuras intervenções terapêuticas. Dessa
maneira, com as atuais opções limitadas de
tratamento da doença e o alto impacto na
qualidade de vida das pessoas afetadas, a
pesquisa se faz essencial para o
desenvolvimento de novas ferramentas
médicas.
A microbiota
intestinal é uma vasta comunidade de
microrganismos que colonizam todo o trato
gastrointestinal. Em casos de desequilíbrio
dessa organização de microrganismos, ou
disbiose, pode haver situações patológicas
que acometem o organismo. Assim, nos estudos
analisados, foram observadas alterações
específicas na abundância de certas
bactérias intestinais em pacientes com
fibromialgia, associadas à gravidade dos
sintomas. Ademais, a neuroinflamação é uma
característica importante da fibromialgia,
que pode ser afetada pela disbiose por
mecanismos imunológicos. Além da inflamação,
o microbioma intestinal produz uma série de
metabólitos que podem influenciar vários
processos fisiológicos, incluindo a
percepção da dor.
Estudos
sugerem que a microbiota intestinal pode
afetar a hipersensibilidade à dor na
fibromialgia pela ativação imunológica e
pelo metabolismo ineficiente de moléculas
derivadas de bactérias. Dessa forma,
explorar esse papel é essencial para avanços
diagnósticos e terapêuticos futuros. Aliás,
medidas não farmacológicas de controle dos
hábitos de vida diários são fundamentais
para a modulação do microbioma intestinal.
Entretanto, mais estudos são necessários
para analisar os benefícios de tratar o
microbioma intestinal para lidar com a
fibromialgia.
Referências:
Minerbi A, Khoutorsky A, Shir Y. Decoding
the connection: unraveling the role of gut
microbiome in fibromyalgia. Pain Rep.
2024;10(1):e1224. Published 2024 Dec 24. doi:10.1097/PR9.0000000000001224
Escrito por Giovanna Aparecida Carvalho
de Jesus.
4. Estudo multicultural evidência que uma maior escolaridade diminui a prevalência de dor frequente
Pessoas com
maior escolaridade tiveram prevalência menor
de dor frequente. Um estudo publicado em
2025, verificou dados de 92.204 indivíduos
da China, Estados Unidos, Índia e
Inglaterra. Ele examinou relações entre
educação, gênero e a prevalência de dor
frequente, e características relacionadas à
dor, entre indivíduos a partir de 50 anos. A
pesquisa buscou fornecer informações que
possam auxiliar em políticas públicas e
intervenções futuras relacionadas aos
diferentes padrões entre os países na
população especificada.
Trata-se de um
estudo transversal, com dados de quatro
estudos de cada país, sendo eles: “Health
and Retirement Study” (HRS) dos EUA,
“English Longitudinal Study of Ageing” (ELSA)”
da Inglaterra, “China Health and Retirement
Longitudinal Study” (CHARLS) da China e o
“Longitudinal Aging Study in India” (LASI)
da Índia. Os participantes foram
questionados por autorrelato se tinham dor
frequente, para classificar a prevalência do
quadro. A intensidade, impacto nas
atividades de vida diárias e o uso de
medicações também foram analisadas.
A maior
escolaridade foi inversamente proporcional à
prevalência de dor frequente. É recomendado
que pesquisas na área da dor devem
considerar entre fatores sociais a
interseção da escolaridade e gênero. As
limitações da pesquisa incluem desafios na
comparação de dados entre diferentes
culturas, limitações de definir as causas
por ser um estudo transversal e vieses de
autorrelato.
Referência: Li
C, Liu C, Ye C, Lian Z, Lu P. Education,
gender, and frequent pain among middle-aged
and older adults in the United States,
England, China, and India. Pain.
2025;166(2):388-397. doi:10.1097/j.pain.0000000000003349
Escrito por Júlia Paiva Fideles.
5. Terapia com exercícios assistida por inteligência artificial potencializa a melhora da dor lombar crônica
Um estudo clínico chinês, publicado em maio de 2025, demonstrou que exercícios feitos em casa com o auxílio de inteligência artificial (IA) foram mais eficazes na redução da dor lombar crônica em comparação com os exercícios guiados apenas por vídeos gravados. A dor lombar crônica é um problema de saúde mundial, e a falta de supervisão na realização de exercícios domiciliares dificulta o sucesso do tratamento. Por isso, os pesquisadores avaliaram se a integração da IA em um aplicativo de exercícios poderia melhorar os resultados da telereabilitação domiciliar de pacientes com dor lombar crônica inespecífica.
O estudo selecionou 38 participantes com dor lombar crônica inespecífica, que foram divididos aleatoriamente em dois grupos. Os participantes do grupo “vídeo” realizaram exercícios físicos seguindo apenas vídeos demonstrativos disponibilizados no aplicativo. Participantes do grupo “IA” seguiram os vídeos gravados e também receberam correções posturais e respostas instantâneas (feedbacks) sobre os movimentos, por meio da análise de angulação e comprimento feitas por IA durante a realização dos exercícios. A dor foi avaliada pela escala numérica antes e nas semanas 2, 4 e 8 após a intervenção. Ao final do cumprimento do plano de exercícios, realizado 3 vezes na semana, o grupo IA apresentou maior redução da dor e dos pensamentos negativos, melhora da função física e aumento da espessura de músculos da região do core, como o músculo transverso e o multífido, em comparação ao grupo vídeo, demonstrando o potencial da inteligência artificial na otimização da reabilitação a distância.
Portanto, a terapia com exercícios assistida por IA trouxe melhores resultados no alívio da dor lombar crônica, e na melhora da função física e muscular. Este achado sugere que a IA pode maximizar a eficácia da telereabilitação, tornando os programas de exercícios domiciliares mais eficazes e individualizados.
Referência: Xiao C, Zhao Y, Li G, et al. Clinical Efficacy of Multimodal Exercise Telerehabilitation Based on AI for Chronic Nonspecific Low Back Pain: Randomized Controlled Trial. JMIR Mhealth Uhealth. 2025;13:e56176. Published 2025 May 22. doi:10.2196/56176
Escrito por Maria Vitória Abreu Cardoso
de Jesus.
6. Dor menstrual altera conexões cerebrais em adolescentes Uma pesquisa
estadunidense, conduzida por pesquisadores
da Harvard Medical School, analisou 100
adolescentes entre 13 e 19 anos para
investigar a relação entre redes neurais e
características da dor menstrual. A partir
da ressonância magnética funcional (fMRI) e
autoavaliação das jovens, os cientistas
identificaram que a intensidade da dor
menstrual está associada à conectividade
alterada de redes neurais responsáveis pela
percepção e regulação da dor.
O estudo
utilizou imagens de fMRI das adolescentes em
repouso durante 6 minutos e avaliaram a
dismenorreia em diferentes aspectos, como
interferência nas atividades de vida diária
e intensidade da dor. Os pesquisadores
focaram no Triple Network Model (TNM), que
inclui três redes cerebrais principais: a
rede de saliência (cSN), a rede de modo
padrão (DMN) e a rede executiva central (CEN).
A intensidade da dor estava diretamente
ligada a uma maior conectividade nas regiões
de processamento límbico e sensorial. Além
disso, também afetou a rede de controle de
funções cognitivas, como resolução de
problemas e concentração e ocorreu a
diminuição da comunicação da rede que fica
ativa quando a pessoa está em repouso. Dessa
forma, os resultados demonstram o impacto da
dor menstrual nas diferentes conexões
cerebrais.
Portanto,
essas alterações na conectividade cerebral
sugerem que adolescentes com maior dor
menstrual possuem padrões de conectividade
cerebral semelhantes aos de condições de dor
crônica. Esses achados podem ajudar a
dimensionar e validar o impacto físico e
emocional do período menstrual no cotidiano
da saúde da mulher. No entanto, mais estudos
longitudinais são necessários para
determinar se essas mudanças cerebrais podem
ou não alterarem conforme o tempo.
Referências:
Payne LA, Seidman LC, Napadow V, Nickerson
LD, Kumar P. Functional connectivity
associations with menstrual pain
characteristics in adolescents: an
investigation of the triple network model.
Pain. 2025;166(2):338-346. doi:10.1097/j.pain.0000000000003334 Escrito por Ana Clara Gonçalves Madeiro.
7. Mistura probiótica reduz a dor e mantém os nervos saudáveis em modelo experimental de neuropatia diabética
Um estudo publicado em 2025 por pesquisadores de Beijing, na China, demonstrou que o tratamento com uma mistura de probióticos melhorou a dor neuropática de origem diabética em ratos. O tratamento da dor neuropática ainda é um desafio, mas estudos têm demonstrado que mudanças no ambiente intestinal pela ingestão de probióticos, que são bactérias benéficas à saúde, é uma abordagem em potencial. Nesse estudo, os pesquisadores demonstraram que a mistura de probióticos mudou o perfil de bactérias intestinais, reduziu a dor e a inflamação, e preservou a integridade do intestino e dos nervos.
O estudo foi conduzido em modelo de diabetes induzida por dieta rica em gordura e injeção de estreptozotocina, uma substância tóxica para células pancreáticas que produzem insulina. Os animais foram divididos em 3 diferentes grupos: ratos diabéticos tratados com a mistura de probióticos, por via oral, durante 4 semanas; ratos diabéticos que não receberam o tratamento; e ratos não diabéticos. Os efeitos do tratamento foram avaliados sobre a dor por testes mecânicos e térmicos, e sobre os níveis de mediadores inflamatórios nas fezes. Foram também realizadas biópsias de nervos e intestino.
O estudo demonstrou que a mistura probiótica promoveu diminuição da dor e da inflamação, e protegeu os nervos, indicando que a suplementação com os probióticos pode ser uma estratégia no tratamento da neuropatia diabética. Por outro lado, estudos clínicos ainda são necessários para confirmar esses resultados.
Referência: Jiang Y, Yang J, Wei M, et al. Probiotics alleviate painful diabetic neuropathy by modulating the microbiota-gut-nerve axis in rats. J Neuroinflammation. 2025;22(1):30. Published 2025 Feb 2. doi:10.1186/s12974-025-03352-3
Escrito por Diego Domingues Pereira.
8. Perfis químicos da Cannabis ajudam a prever sua eficácia no alívio da dor
Um estudo
realizado por pesquisadores israelenses
demonstrou que a composição química completa
da Cannabis medicinal, e não apenas seus
teores de THC e CBD, é determinante do
alívio da dor. A pesquisa, conduzida em 2025
no Rambam Medical Center e Chaim Sheba
Medical Center, analisou 329 pacientes com
dor crônica multifatorial. O estudo foi
realizado para investigar a relação do
perfil químico da planta com seus efeitos
analgésicos, pois os efeitos da Cannabis
medicinal no manejo da dor variam muito
entre os pacientes, levantando questões
sobre quais componentes influenciam sua
eficácia.
Os
participantes com dor crônica, utilizaram
Cannabis medicinal por um mês e responderam
a questionários antes e após o tratamento.
Paralelamente, os pesquisadores analisaram a
composição química das plantas, que
apresentaram cerca de 200 compostos,
incluindo canabinoides e terpenoides. Um
modelo de aprendizado de máquina avaliou
como o perfil químico de cada amostra se
relacionava com a redução da dor. Metade dos
participantes apresentou analgesia
clinicamente significativa, e os compostos
mais associados a esse efeito foram os
terpenoides α-bisabolol, eucaliptol e
β-ionona. Os achados sugerem que o alívio da
dor resulta da interação de múltiplos
componentes químicos da planta, com
contribuição limitada do THC e do CBD.
O estudo
mostrou que o alívio da dor promovido pela
Cannabis resulta de interações complexas
entre múltiplos componentes da planta, e não
apenas do THC e do CBD. Esses achados abrem
um caminho para o desenvolvimento de
fitoterápicos baseados em Cannabis, que
levem em conta o perfil químico completo da
planta.
Referência:
Hatav A, Vysotski Y, Shapira A, Procaccia S,
Meiri D, Aran D. Machine-learning of medical
cannabis chemical profiles reveals analgesia
beyond placebo expectations. Commun Med (Lond).
2025;5(1):295. Published 2025 Jul 16. doi:10.1038/s43856-025-00996-3
Escrito por Thalita da Cruz Monteiro
Santana.
9. O papel da depleção dos neutrófilos na diminuição da dor periférica
A depleção de
neutrófilos leva a uma redução significativa
da dor inflamatória, articular, visceral,
pós-operatório, neuropática e muscular em
roedores. Pesquisadores espanhóis e
canadenses durante 2022 e 2023 reuniram
estudos pré-clínicos para avaliar o papel de
neutrófilos da redução da dor a partir da
diminuição destes. Desse modo, essa
investigação tem o objetivo de entender o
alvo terapêutico dessas células e como
usufruir de seus efeitos.
A revisão
sistemática contou com 49 artigos do PubMed,
que foram meta-analisados e discutidos por
seus autores. Essa meta-análise conta com
critérios de elegibilidade, seleção de
estudos e extração e coleta de dados. Além
de avaliação de risco de viés, análise dos
dados, de heterogeneidade, de subgrupos e
dos efeitos induzidos a partir da dor
avaliada.
Os resultados
mostram que a depleção dos neutrófilos
possuem influência analgésica significativa.
Essa revisão sistemática com meta-análise
pode ser uma grande aliada para a medicina e
para o tratamento de dores crônicas. Embora
pareça claro sua contribuição é necessário o
aprofundamento dos mecanismos e sua
utilidade clínica.
Referência:
Huerta MÁ, Molina-Álvarez M, García MM, et
al. The role of neutrophils in pain:
systematic review and meta-analysis of
animal studies. Pain. 2025;166(6):1230-1249.
Doi:10.1097/j.pain.0000000000003450
Escrito por Maria Eduarda Rodrigues de
Souza Ribeiro.
10. Hiperexcitabilidade em somas de nociceptores nos gânglios da raiz dorsal
A hiperexcitabilidade prolongada de somas de nociceptores nos gânglios da raiz dorsal induzida por incisões plantares, leva a uma atividade espontânea sustentada dessas células, que persiste por semanas após a lesão. Este estudo, publicado em 2025 e conduzido por pesquisadores estadunidenses da Faculdade de Medicina McGovern, tem como objetivo investigar esses mecanismos neuropáticos. Desse modo, os animais foram randomizados em grupos e analisados por testes e dissecação.
Além disso, é importante destacar que essa atividade hiperexcitável, mesmo após a resolução da dor aguda, pode contribuir para a manutenção da dor crônica e da hiperalgesia. Em consonância, atua como um mecanismo de sensibilização periférica duradoura que ajuda a sustentar a dor persistente além do dano tecidual inicial. Dessa maneira, a hiperexcitabilidade generalizada das somas nociceptivas dura mais que o comportamento de evitação aprimorado após lesão por incisão.
Esse estudo pré-clínico utilizou ratos Sprague-Dawley machos e fêmeas submetidos a procedimentos cirúrgicos de incisão plantar unilateral ou bilateral. Após as cirurgias, foi realizado o registro eletrofisiológico e análises estatísticas robustas para compreender a hiperexcitabilidade dos nociceptores após lesão tecidual. Ademais, testes comportamentais como mensuração do comportamento de guarda, de conflito mecânico operante e proteções contra o viés inconsciente do experimentador foram empregados conjuntamente.
Após lesão incisional, a hiperexcitabilidade generalizada é mais duradoura do que o comportamento de evitação em roedores. A relevância dessa pesquisa reside em seu potencial de avançar a compreensão dos mecanismos subjacentes à dor crônica como a sensibilização periférica e de fomentar terapias direcionadas.
Referência: Bavencoffe A, Lopez ER, Johnson KN, et al. Widespread hyperexcitability of nociceptor somata outlasts enhanced avoidance behavior after incision injury. Pain. 2025;166(5):1088-1104. doi:10.1097/j.pain.0000000000003443. Escrito por Emanuelle Lorraine Nolêto das Neves. |