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Alerta da edição mensal

 

 

Impacto dos mediadores inflamatórios na dor lombar crônica

Sabrina Teixeira da Silva
 

Um estudo realizado pela Universidade do Alabama em Birmingham, nos Estados Unidos, buscou identificar diferenças raciais nos perfis de mediadores inflamatórios associados a medidas como interferência da dor, dor em repouso e dor evocada pelo movimento no contexto da dor lombar crônica. Este estudo observou que mediadores inflamatórios podem diferir para grupos raciais específicos. Além disso, evidenciou que apesar da população negra não hispânica dos Estados Unidos ser mais acometida pela dor lombar crônica, a maioria das pesquisas realizadas não são voltadas a essa minoria étnica.

 

De forma geral, a causa e os mecanismos de agressão da dor lombar crônica ainda são desconhecidos, por isso, o tratamento dessa condição é um grande desafio. Nesse sentido, o presente estudo relacionou biomarcadores inflamatórios com a dor lombar crônica e comparou entre as populações branca e negra não hispânica dos Estados Unidos por meio de duas sessões experimentais. Na primeira sessão, os 156 participantes responderam a questionários sociodemográficos e forneceram informações relacionadas à raça/etnia. Na segunda sessão, os biomarcadores e as medidas da dor lombar foram coletados e avaliados por meio de softwares e ferramentas multidimensionais da dor. Os resultados obtidos apontaram que os níveis de interleucina-1a em negros não hispânicos são maiores e estão associados positivamente a dor em repouso e a interferência da dor no cotidiano desses pacientes. Enquanto em indivíduos brancos não hispânicos outros mediadores inflamatórios como a proteína C reativa, a interleucina-4 (anti-inflamatória), a interleucina-6 (pró-inflamatória) e a amiloide sérica foram associadas a dor lombar crônica e suas medidas. Em virtude disso, embora apresente algumas limitações, o estudo revela que há diferenças raciais significativas entre os mediadores inflamatórios presentes em pacientes com dor lombar crônica e a identificação dessas diferenças pode contribuir no desenvolvimento de tratamentos inclusivos e adequados à condição. Além disso, mostra a necessidade da realização de mais estudos incluindo indivíduos de outros grupos raciais que também são minorias desproporcionalmente afetadas pela dor crônica.

 

Obs.: No Brasil, a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, instituída em 2009 pela Portaria nº 992, visa garantir e promover a saúde dessa população, com ações específicas voltadas para suas necessidades. Uma das principais estratégias da política foi a inclusão do quesito raça/cor nos sistemas de informação em saúde, o que possibilita a coleta de dados autodeclarados, fundamentais para o desenvolvimento de pesquisas científicas que visam entender e atender melhor as especificidades de saúde desta população.

 

Referências: Overstreet DS, Strath LJ, Sorge RE, et al. Race-specific associations: inflammatory mediators and chronic low back pain. Pain. 2024;165(7):1513-1522. doi:10.1097/j.pain.0000000000003154