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Alerta da edição mensal

 

 

O estresse contínuo é capaz de causar dor e tristeza

Gabriela Oliveira Gonçalves

 

Conflitos estressantes e contínuos estão associados ao aumento do antagonista do receptor de interleucina-1 (IL-1Ra), o que leva a uma maior sensibilidade de dor e tristeza em mulheres que já passaram pelo câncer de mama. Um ensaio clínico randomizado, promovido pelo Instituto de Pesquisa em Medicina Comportamental da Universidade do Estado de Ohio, buscou entender se sobreviventes de câncer de mama com maior exposição a estresse social agudo e crônico, ou não expostas, apresentariam aumento da dor, tristeza ou fadiga durante uma resposta inflamatória aguda. A metodologia desse estudo avaliou o estresse crônico e agudo por meio da resposta a alguns instrumentos de medição e a resposta inflamatória foi avaliada pela coleta de sangue. Após a análise de todos os dados coletados, ajustes estatísticos e avaliação comportamental, os resultados mais consistentes indicaram que as mulheres que foram curadas do câncer de mama, mas que estão expostas ao estresse crônico relataram mais dor e tristeza em resposta ao aumento de IL-1Ra, ou seja, esse tipo de fator externo pode ser responsável pela implicação de dor crônica e risco de depressão entre sobreviventes de câncer de mama.

 

Aproximadamente 150 mulheres, entre 36 e 78 anos, foram selecionadas para essa pesquisa. A avaliação da resposta inflamatória se deu após receberem o placebo ou a vacina contra febre tifoide, isto é, essas mulheres tiveram o seu sangue coletado a cada 90 minutos durante as 8 horas seguintes após a vacinação para avaliar os níveis de interleucina-6 e do antagonista do receptor de interleucina-1 (IL-1Ra). Além disso, logo após cada coleta de sangue, foi avaliado também os níveis de dor, tristeza e fadiga por meio da escala Likert. Para a medição do estresse agudo utilizou-se o Inventário Diário de Eventos Estressantes (DISE) e para a medição do estresse crônico foram usados o Inventário Trier de Estressores Crônicos (TICS) e o Teste de Troca Social Negativa (TENSE).

 

Portanto, tal estudo pode ajudar a explicar a comorbidade de dor crônica e depressão na sobrevivência ao câncer de mama e assim, abre caminho para mais estudos relacionados a esse assunto.

 

Referências: Madison, A. A., Renna, M., Andridge, R., Peng, J., Shrout, M. R., Sheridan, J., Lustberg, M., Ramaswamy, B., Wesolowski, R., Williams, N. O., Noonan, A. M., Reinbolt, R. E., Stover, D. G., Cherian, M. A., Malarkey, W. B., & Kiecolt-Glaser, J. K. (2023). Conflicts hurt: social stress predicts elevated pain and sadness after mild inflammatory increases. Pain, 164(9), 1985–1994. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000002894

 

Alerta submetido em 24/11/2023 e aceito em 08/12/2023.