DOL - Dor On Line

Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP

Universidade de Brasília - Campus de Ceilândia
Faculdade de Ciências Farmacêuticas de Ribeirão Preto - USP
Faculdade de Farmácia - Universidade Federal da Bahia

Principal    |    Editoriais    |    Edições    |    Sobre a Dor    |    Glossário    |    Projeto DOL    |    Publicações    |    Contato

   
 

Alerta da edição mensal

 

 

Mulheres tendem a ter mais dor crônica e sensibilização central

Aline Frota Brito

 

Por trás da cronificação da dor, há uma série de fatores que podem influenciar para esse desfecho como histórico e diferença de sexo. Um dos mecanismos que pode explicar a diferença de percepção entre homens e mulheres é a sensibilização central, pois ela é um marcador que age na transição da dor aguda para crônica. Um estudo de 2023 realizado na Universidade de Zurique. na Suíça, evidenciou que as mulheres tendem a ter mais sensibilização central e pode explicar o porquê de elas apresentarem mais frequência de dor crônica do que os homens. Esse trabalho é considerado o primeiro a observar a sensibilização central induzida eletricamente. O objetivo foi testar se há diferenças entre pessoas saudáveis quanto à hiperalgesia secundária.

 

O estudo contou com a participação de 66 participantes (33 mulheres), entre 18 e 40 anos em bom estado de saúde, sem dor crônica e sem uso de analgésico nas últimas 24h. Eles foram submetidos a 3 testes: sensibilidade ao calor, mecânica e elétrica. A de calor foi testada através de estímulo com temperatura de 48ºC repetido por 10 ciclos. Durante isso, foi pedido aos participantes concentração para avaliar a dor entre 0 e 200. Os resultados evidenciaram que as mulheres relataram maior nível de dor comparado com os homens.

 

A sensibilidade mecânica foi testada com uma escova macia no dorso de um dos pés e o outro pé recebeu um estímulo do filamento de von Frey. O objetivo desse teste foi comparar a percepção diante dos dois estímulos. Entre os achados, está que a área sentida das mulheres foi maior, o que indica que elas têm a pele mais sensibilizada. E por fim, o teste elétrico foi avaliado através do reflexo de abstinência nociceptivo por meio dos resultados da eletromiografia de dois músculos da coxa após estímulos elétricos no nervo sural. Nesse teste os participantes foram submetidos a estimulações que duravam 1 milissegundo a 200 Hz. Nessa avaliação, foi evidenciado que elas têm maior área de sensibilização relacionada a hiperalgesia mecânica secundária, ou seja, uma sensação exacerbada de dor.

 

Por fim, esse estudo evidenciou que a sensibilização central induzida é maior em mulheres do que em homens, esses achados contribuem para compreender os motivos de maior acometimento pela dor, sendo uma possível justificativa. Mais pesquisas são necessárias para melhor compreender os mecanismos da cronificação da dor e melhorar no manejo dos pacientes considerando suas especificações.

 

Referência: Guekos A, Saxer J, Salinas Gallegos D, Schweinhardt P. Healthy women show more experimentally induced central sensitization compared with men. Pain. 2024;165(6):1413-1424. doi:10.1097/j.pain.0000000000003144