Por trás da
cronificação da dor, há uma série de fatores
que podem influenciar para esse desfecho
como histórico e diferença de sexo. Um dos
mecanismos que pode explicar a diferença de
percepção entre homens e mulheres é a
sensibilização central, pois ela é um
marcador que age na transição da dor aguda
para crônica. Um estudo de 2023 realizado na
Universidade de Zurique. na Suíça,
evidenciou que as mulheres tendem a ter mais
sensibilização central e pode explicar o
porquê de elas apresentarem mais frequência
de dor crônica do que os homens. Esse
trabalho é considerado o primeiro a observar
a sensibilização central induzida
eletricamente. O objetivo foi testar se há
diferenças entre pessoas saudáveis quanto à
hiperalgesia secundária.
O estudo
contou com a participação de 66
participantes (33 mulheres), entre 18 e 40
anos em bom estado de saúde, sem dor crônica
e sem uso de analgésico nas últimas 24h.
Eles foram submetidos a 3 testes:
sensibilidade ao calor, mecânica e elétrica.
A de calor foi testada através de estímulo
com temperatura de 48ºC repetido por 10
ciclos. Durante isso, foi pedido aos
participantes concentração para avaliar a
dor entre 0 e 200. Os resultados
evidenciaram que as mulheres relataram maior
nível de dor comparado com os homens.
A
sensibilidade mecânica foi testada com uma
escova macia no dorso de um dos pés e o
outro pé recebeu um estímulo do filamento de
von Frey. O objetivo desse teste foi
comparar a percepção diante dos dois
estímulos. Entre os achados, está que a área
sentida das mulheres foi maior, o que indica
que elas têm a pele mais sensibilizada. E
por fim, o teste elétrico foi avaliado
através do reflexo de abstinência
nociceptivo por meio dos resultados da
eletromiografia de dois músculos da coxa
após estímulos elétricos no nervo sural.
Nesse teste os participantes foram
submetidos a estimulações que duravam 1
milissegundo a 200 Hz. Nessa avaliação, foi
evidenciado que elas têm maior área de
sensibilização relacionada a hiperalgesia
mecânica secundária, ou seja, uma sensação
exacerbada de dor.
Por fim, esse
estudo evidenciou que a sensibilização
central induzida é maior em mulheres do que
em homens, esses achados contribuem para
compreender os motivos de maior acometimento
pela dor, sendo uma possível justificativa.
Mais pesquisas são necessárias para melhor
compreender os mecanismos da cronificação da
dor e melhorar no manejo dos pacientes
considerando suas especificações.
Referência:
Guekos A, Saxer J, Salinas Gallegos D,
Schweinhardt P. Healthy women show more
experimentally induced central sensitization
compared with men. Pain.
2024;165(6):1413-1424. doi:10.1097/j.pain.0000000000003144