Conflitos
estressantes e contínuos estão associados ao
aumento do antagonista do receptor de
interleucina-1 (IL-1Ra), o que leva a uma
maior sensibilidade de dor e tristeza em
mulheres que já passaram pelo câncer de
mama. Um ensaio clínico randomizado,
promovido pelo Instituto de Pesquisa em
Medicina Comportamental da Universidade do
Estado de Ohio, buscou entender se
sobreviventes de câncer de mama com maior
exposição a estresse social agudo e crônico,
ou não expostas, apresentariam aumento da
dor, tristeza ou fadiga durante uma resposta
inflamatória aguda. A metodologia desse
estudo avaliou o estresse crônico e agudo
por meio da resposta a alguns instrumentos
de medição e a resposta inflamatória foi
avaliada pela coleta de sangue. Após a
análise de todos os dados coletados, ajustes
estatísticos e avaliação comportamental, os
resultados mais consistentes indicaram que
as mulheres que foram curadas do câncer de
mama, mas que estão expostas ao estresse
crônico relataram mais dor e tristeza em
resposta ao aumento de IL-1Ra, ou seja, esse
tipo de fator externo pode ser responsável
pela implicação de dor crônica e risco de
depressão entre sobreviventes de câncer de
mama.
Aproximadamente 150 mulheres, entre 36 e 78
anos, foram selecionadas para essa pesquisa.
A avaliação da resposta inflamatória se deu
após receberem o placebo ou a vacina contra
febre tifoide, isto é, essas mulheres
tiveram o seu sangue coletado a cada 90
minutos durante as 8 horas seguintes após a
vacinação para avaliar os níveis de
interleucina-6 e do antagonista do receptor
de interleucina-1 (IL-1Ra). Além disso, logo
após cada coleta de sangue, foi avaliado
também os níveis de dor, tristeza e fadiga
por meio da escala Likert. Para a medição do
estresse agudo utilizou-se o Inventário
Diário de Eventos Estressantes (DISE) e para
a medição do estresse crônico foram usados o
Inventário Trier de Estressores Crônicos (TICS)
e o Teste de Troca Social Negativa (TENSE).
Portanto, tal
estudo pode ajudar a explicar a comorbidade
de dor crônica e depressão na sobrevivência
ao câncer de mama e assim, abre caminho para
mais estudos relacionados a esse assunto.
Referências:
Madison, A. A., Renna, M., Andridge, R.,
Peng, J., Shrout, M. R., Sheridan, J.,
Lustberg, M., Ramaswamy, B., Wesolowski, R.,
Williams, N. O., Noonan, A. M., Reinbolt, R.
E., Stover, D. G., Cherian, M. A., Malarkey,
W. B., & Kiecolt-Glaser, J. K. (2023).
Conflicts hurt: social stress predicts
elevated pain and sadness after mild
inflammatory increases. Pain, 164(9),
1985–1994. https://doi.org/10.1097/j.pain.0000000000002894