Leticia Santos Almeida
Estudo avalia
a presença de dor crônica durante a gravidez
e demonstra trajetórias distintas de
intensidade da dor, catastrofização da dor e
interferência da dor desde o início da
gravidez até o pós-parto. A Fundação de
Pesquisa do Hospital Infantil de Alberta em
conjunto com o Instituto de Pesquisa do
Hospital Infantil de Alberta, pelo programa
Canada Research Chair apoiaram essa pesquisa
em que mulheres grávidas foram avaliadas em
quatro momentos, sendo três momentos ainda
durante a gravidez e um momento no
pós-parto, para a coleta de preditores
sociodemográficos e medidas relacionadas a
dor; as quais posteriormente sofreram uma
análise estatística. Isso porque esse estudo
buscou identificar mulheres com alto risco
de apresentar sintomas de dor durante a
gravidez e assim, tornar possível a criação
de estratégias de gerenciamento direcionadas
a evitar que as mães desenvolvam dor crônica
durante a gravidez e no período pós-parto.
Essa pesquisa
utilizou modelos mistos para fazer a análise
estatística das medidas de intensidade,
catastrofização e interferência da dor para
então, realizar uma análise da trajetória
dessas dores ao longo do tempo; além da
análise também de índices de insônia,
ansiedade, depressão pós-parto e análise
sociodemográfica, visto que mulheres com
piores sintomas de dor são mais propensas a
relatar sintomas psicológicos durante o
período perinatal, o que pode afetar os
resultados do trabalho de parto e pós-parto.
Tais medidas foram obtidas a partir da
resposta de formulários e escalas das 142
mulheres grávidas que participaram dessa
pesquisa. Elas completaram a primeira
pesquisa antes da 20ª semana de gestação e
foram reavaliadas a cada 10 semanas; sendo
assim, as pesquisas foram concluídas em
média com 15 semanas, 25 semanas e 35
semanas de gestação e com 6 semanas após o
parto. No entanto, atribuir valor objetivo à
dor subjetiva, o tamanho da amostra, a falta
de um relato de histórico de dor e registro
do local da dor e se a grávida fez o uso de
analgésicos e quais, caracterizam-se como
limitadores para esse trabalho exploratório.
Logo, devido
às mudanças na sensação de dor na mulher
grávida ao longo do tempo, ou seja, desde a
gravidez até o pós-parto, a replicação do
presente estudo em amostras mais diversas e
com mais detalhamentos é uma importante
consideração para futuras pesquisas.
Ademais, destaca-se a prevalência da dor
durante a gravidez e reforça a necessidade
de criar estratégias de gerenciamento que
avaliem e tratem regularmente da dor como
parte da gravidez e dos cuidados pós-natais.
Referência:
Jessa, J., Tomfohr-Madsen, L., Dhillon, A.,
Walker, A., Noel, M., Sedov, I., & Miller,
J. V. (2024). Trajectories of pain intensity,
pain catastrophizing, and pain interference
in the perinatal and postpartum period. Pain
reports, 9(2), e1137. https://doi.org/10.1097/PR9.0000000000001137