Estudo demonstra que medida de dor relatada
por puérperas segundo a via de parto é
moderada. No entanto, a dor intensa e a
percepção de analgesia inadequada estão
associadas a fatores como recém-nascido
encaminhado a UTIN (Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal), cor de pele não branca,
hemorragia pós-parto e parto instrumental. O
Departamento de Ginecologia e Obstetrícia,
juntamente com o Departamento de Enfermagem
da Universidade Federal de Santa Catarina
conduziram uma pesquisa observacional
transversal em um hospital universitário no
Sul do Brasil entre outubro e dezembro de
2020 com o objetivo de quantificar os níveis
de dor segundo a via de nascimento e quais
as características podem contribuir ainda
mais para a intensidade dessa dor. Isso
porque, o estudo da dor no puerpério
imediato tende a ser menos pesquisado do que
a gestação e o parto.
Este estudo observacional, descritivo e
transversal contou com a ferramenta STROBE (STrengthening
the Reporting of OBservational studies in
Epidemiology) para a sua elaboração. Teve
uma amostra final de 229 puérperas elegíveis
e os dados foram coletados a partir de um
questionário respondido por essas mulheres,
além da coleta de dados também do prontuário
hospitalar. O questionário, este elaborado
especialmente para esse estudo, foi aplicado
pelos pesquisadores no dia da alta
hospitalar de cada puérpera e após a
entrevista, os dados coletados no prontuário
seguiram uma ficha de acordo com as
variáveis de interesse. As variáveis
estudadas abarcaram: dor intensa referida,
nível de dor pela EVA (Escala Visual
Analógica), percepção de analgesia,
dificuldade de autocuidado e dificuldade de
cuidar do recém-nascido (RN), sensação de
fraqueza e de desmaio, além de idade, cor da
pele, situação conjugal, escolaridade,
paridade, se exerce atividade remunerada,
presença de acompanhante no momento do
parto; todas respondidas no questionário
autoaplicado. Já as variáveis consultadas no
prontuário e cartão de pré-natal da paciente
foram: pré-natal adequado, idade gestacional
no momento do parto, via de nascimento,
presença de hemorragia pós-parto, internação
do RN em UTIN, presença e grau de laceração
perineal e sutura de laceração perineal.
Portanto, os achados encontrados
relacionados à dor variaram de acordo com a
via de nascimento em correlação com outros
aspectos. Logo, faz-se necessário mais
estudos sobre a dor no puerpério, visto que
essa é uma dor multifatorial e que é
vivenciada pelas pessoas de forma diferente
e tal estudo teve como limitação ser
realizado em apenas um hospital e não
abordar a dor do puerpério tardio.
Referência: Rocha, M. N. M. C. D., Knobel,
R., Arruda, Y. L. G., Nandi, V. L., Pereira,
J. G., & Velho, M. B. (2024). Dor relatada
por puérperas no alojamento conjunto segundo
a via de nascimento. BrJP, 7, e20240007.