Uma coorte prospectiva realizada em um
hospital pediátrico canadense identificou
que a analgesia em crianças é semelhante no
uso do ibuprofeno e da oxicodona como
analgésicos de escolha, e não são
influenciadas por variações genéticas. Nas
crianças que receberam ibuprofeno, a
presença de um polimorfismo genético foi
associada a diminuição de efeitos adversos.
O estudo buscou avaliar se alterações
genéticas influenciam na eficácia clínica e
eventos adversos relacionados ao uso do
ibuprofeno e da oxicodona. No estudo foram
avaliadas 210 crianças entre 4 e 16 anos,
que passaram por coleta de uma amostra de
DNA e deveriam ter tomado a medicação
prescrita (oxicodona ou ibuprofeno) um dia
após a alta do pronto socorro. Foram
avaliados os escores de dor após uso da
medicação e a presença de efeitos adversos
até 3 dias após alta do pronto socorro. Na
análise genética, foram consideradas as
variantes alélicas nos alelos CYP3A4 e
CYP2C9.
Houve redução da dor ao longo dos 3 dias
avaliados de forma muito semelhante, tanto
para os pacientes que receberam oxicodona,
quanto para os que receberam ibuprofeno. É
importante ressaltar que 99,3% dos pacientes
em uso de ibuprofeno usaram exclusivamente
esse fármaco como analgésico, e no grupo
oxicodona, 18,6% utilizaram esse fármaco em
monoterapia. Além disso, estratégias não
farmacológicas como gelo, tensor e muletas
foram utilizadas como adjuvantes.
Para o grupo oxicodona, não foi encontrada
influência no alívio da dor ou eventos
adversos relacionados às variações
genéticas. No grupo que recebeu ibuprofeno,
crianças portadoras da variante alélica de
função reduzida em CYP2C9 tiveram menor
probabilidade de sofrer um evento adverso,
em comparação com crianças que possuíam
variações diferentes.
Os autores consideram pequeno o tamanho da
amostra avaliada, e consideram também que
estes resultados devem ser confirmados com
uma amostra maior para caracterizar e
confirmar melhor as relações entre variações
alélicas e resultados clínicos em crianças.
Uma maior compreensão da farmacogenética
pode permitir uma escolha individualizada de
medicamentos, minimizando as reações
adversas aos medicamentos e otimizando a
resposta confiável à medicação.
Referências: Ali S, Yukseloglu A, Ross CJ,
Rosychuk RJ, Drendel AL, Manaloor R, Johnson
DW, Le May S, Carleton B. Effects of
pharmacogenetic profiles on pediatric pain
relief and adverse events with ibuprofen and
oxycodone. Pain Rep. 2023 Oct 17;8(6):e1113.
doi: 10.1097/PR9.0000000000001113. PMID:
38027465; PMCID: PMC10659733.
Alerta
submetido em 01/12/2023 e aceito em
15/12/2023.