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Alerta da edição mensal

 

 

A farmacogenética na escolha de fármacos analgésicos para crianças

Rafaela Silva Motta
 

Uma coorte prospectiva realizada em um hospital pediátrico canadense identificou que a analgesia em crianças é semelhante no uso do ibuprofeno e da oxicodona como analgésicos de escolha, e não são influenciadas por variações genéticas. Nas crianças que receberam ibuprofeno, a presença de um polimorfismo genético foi associada a diminuição de efeitos adversos.

 

O estudo buscou avaliar se alterações genéticas influenciam na eficácia clínica e eventos adversos relacionados ao uso do ibuprofeno e da oxicodona. No estudo foram avaliadas 210 crianças entre 4 e 16 anos, que passaram por coleta de uma amostra de DNA e deveriam ter tomado a medicação prescrita (oxicodona ou ibuprofeno) um dia após a alta do pronto socorro. Foram avaliados os escores de dor após uso da medicação e a presença de efeitos adversos até 3 dias após alta do pronto socorro. Na análise genética, foram consideradas as variantes alélicas nos alelos CYP3A4 e CYP2C9.

 

Houve redução da dor ao longo dos 3 dias avaliados de forma muito semelhante, tanto para os pacientes que receberam oxicodona, quanto para os que receberam ibuprofeno. É importante ressaltar que 99,3% dos pacientes em uso de ibuprofeno usaram exclusivamente esse fármaco como analgésico, e no grupo oxicodona, 18,6% utilizaram esse fármaco em monoterapia. Além disso, estratégias não farmacológicas como gelo, tensor e muletas foram utilizadas como adjuvantes.

 

Para o grupo oxicodona, não foi encontrada influência no alívio da dor ou eventos adversos relacionados às variações genéticas. No grupo que recebeu ibuprofeno, crianças portadoras da variante alélica de função reduzida em CYP2C9 tiveram menor probabilidade de sofrer um evento adverso, em comparação com crianças que possuíam variações diferentes.

 

Os autores consideram pequeno o tamanho da amostra avaliada, e consideram também que estes resultados devem ser confirmados com uma amostra maior para caracterizar e confirmar melhor as relações entre variações alélicas e resultados clínicos em crianças. Uma maior compreensão da farmacogenética pode permitir uma escolha individualizada de medicamentos, minimizando as reações adversas aos medicamentos e otimizando a resposta confiável à medicação.

 

Referências: Ali S, Yukseloglu A, Ross CJ, Rosychuk RJ, Drendel AL, Manaloor R, Johnson DW, Le May S, Carleton B. Effects of pharmacogenetic profiles on pediatric pain relief and adverse events with ibuprofen and oxycodone. Pain Rep. 2023 Oct 17;8(6):e1113. doi: 10.1097/PR9.0000000000001113. PMID: 38027465; PMCID: PMC10659733.

 

Alerta submetido em 01/12/2023 e aceito em 15/12/2023.