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Como a dor crônica em crianças e
adolescentes pode ser classificada?
Giovanna Aparecida Carvalho de Jesus
O presente estudo desenvolveu uma ferramenta de avaliação multidimensional da dor crônica pediátrica chamada: Classificação da dor crônica pediátrica (P-CPG). O objetivo da pesquisa consistiu em criar essa medida que analisasse aspectos da dor, tais como a intensidade da dor, comprometimentos emocionais e funcionais. Pesquisadores alemães realizaram a pesquisa a partir de um estudo longitudinal prospectivo com dados coletados durante o período de 2019 a 2022, sendo que três amostras foram utilizadas para a coleta: escolas, redes de atenção primária e terciária. A hipótese é que a P-CPG pode ser válida para retratar a gravidade da dor crônica internacionalmente em diferentes populações da amostra pediátrica.
As avaliações das amostras foram realizadas em intervalos de 3 meses. Foram selecionados 2448 participantes (1562 da amostra escolar, 129 da atenção primária e 757 da atenção terciária) com idades entre 8 e 17 anos. Todos receberam as mesmas informações do estudo e utilizaram tablets para preencher um questionário eletrônico a partir de um link on-line. As questões foram referentes aos dados demográficos, características e gravidade da dor, comprometimento funcional e emocional, qualidade de vida e dados de rotina. Em seguida, foi desenvolvido o P-CPG, baseado na Classificação da dor crônica (CPG) de Wager et al.
A gravidade da dor crônica avaliada pelo P-CPG foi classificada como: (1) sem dor crônica, (2) baixo comprometimento funcional e baixa intensidade de dor, (3) baixo comprometimento funcional, alta intensidade de dor e nenhum comprometimento, (4) baixo comprometimento funcional, alta intensidade de dor e comprometimento emocional clinicamente relevante ou moderado e nenhum comprometimento, e (5) comprometimento funcional moderado e comprometimento emocional clinicamente relevante ou grave.
Nesse cenário, 60,3% dos pacientes obtiveram P-CPG 3 ou 4. A ferramenta demonstrou boa capacidade de discriminar a dor crônica de gravidade variável em diferentes cenários epidemiológicos e clínicos/não clínicos. Observou-se que meninas sofriam de dor crônica mais grave que meninos. Também foi visto que, conforme o comprometimento emocional aumentava, a dor e despesas também aumentavam, ressaltando a relevância socioeconômica. Como limitações, pôde-se observar que a P-CPG é uma medida geral, necessitando de ferramentas mais específicas para outros locais de dor, além de aplicabilidades mais curtas que possam ser testadas mais vezes em outros países.
Referências: Grothus S, Sommer A, Stahlschmidt L, et al. Pediatric chronic pain grading: a revised classification of the severity of pediatric chronic pain. Pain. 2024;165(9):2087-2097. doi:10.1097/j.pain.0000000000003226 |