No mundo
globalizado, a tecnologia e a inovação têm
sido o maior ponto de transformação e
investimento, apresentando grande impacto na
ciência e principalmente no setor da Saúde.
Nesse contexto, a Realidade Virtual (RV)
emerge na década de 30, trazendo uma
revolução no meio empresarial, educacional,
científico e na Saúde, usando de técnicas e
ferramentas em um ambiente tridimensional
(3D) com intuito de transpor o usuário a uma
interação no “mundo fictício”.
A RV na saúde
se torna uma grande aliada na capacitação
dos profissionais da área, e com o avanço da
tecnologia começa a fazer parte dos
tratamentos para pacientes com doenças
crônicas, com deficiências e doenças
neuropsicológicas. O que já se esperava foi
a inserção da RV no ambiente hospitalar,
sendo uma importante adjuvante no tratamento
para reduzir a intensidade de dor, ansiedade
e fobias. Posteriormente, também na
reabilitação hospitalar, é considerada uma
medida não farmacológica na melhora da
função muscular e equilíbrio. Ela também
auxilia na educação continuada da equipe,
gerando impacto para aliviar os aspectos
negativos da hospitalização.
Há mais de
duas décadas, a dor vem sendo discutida como
o quinto sinal vital, entendendo que é
necessária ser analisada e tratada
considerando sua diversidade e intensidade
no ambiente hospitalar. Em um estudo na
China em 2016, foram avaliados 2.293
pacientes, sendo que a incidência da dor em
repouso foi de 57%, quadros de dor aguda 62%
e dor crônica 37% dos casos. A dor se mostra
mais comum nas unidades que envolvem
cuidados perioperatórios e cuidados
paliativos, com maior prevalência no sexo
feminino. A avaliação e o tratamento
intra-hospitalar apresentam desafios,
demonstrando a importância de medidas
multidisciplinares para o controle da dor.
O uso da RV no
controle da dor parte do princípio de tirar
a atenção consciente e transpor o paciente
para o mundo 3D, minimizando a atenção dos
sinais recebidos. Em uma revisão sistemática
com metanálise, foi comprovado que o uso da
RV melhorou significativamente a dor, fadiga
e ansiedade, podendo ser eficaz na cognição,
equilíbrio e mobilidade, sendo um excelente
instrumento na reabilitação desses
pacientes. Esse efeito ocorre por estímulos
a nível cortical, influenciando pontos
sensoriais no processamento associativo
cerebral, gerando uma manipulação cognitiva
no tronco cerebral modulando e levando a
estabilidade autonômica.
A tecnologia
da RV é uma intervenção eficaz e benéfica.
Estudos trazem uma redução substancial de
até 50% na necessidade de medicamentos
opioides, nos quadros de dor, ansiedade,
estresse pós-traumático e depressão, com
impactos na morbidade, apresentando uma boa
aceitabilidade e tolerância pelos pacientes.
Referências:
-
Peng LH,
Jing JY, Qin PP, Su M. A Multi-centered
cross-sectional study of disease burden
of pain of inpatients in Southwest
China. Chin Med J (Engl).
2016;129(8):936-41.
-
Lobo BB,
Alcantara EC. Caracterização da dor em
pacientes hospitalizados: revisão
narrativa. BrJP. São Paulo, 2022 jul-set;5(3):258-64.
-
Spiegel B,
Fuller G, Lopez M, Dupuy T, Noah B,
Howard A, et al. (2019) Virtual reality
for management of pain in hospitalized
patients: A randomized comparative
effectiveness trial. PLoS ONE 14(8):
e0219115.
-
Keefe, F.
J., Huling, D. A., Coggins, M. J., et
al. (2012). Virtual reality for
persistent pain: A new direction for
behavioral pain management. Pain,
153(11), 2163-2166.
-
Hao J, Li
Y, Swanson R, Chen Z, Siu KC. Effects of
virtual reality on physical, cognitive,
and psychological outcomes in cancer
rehabilitation: a systematic review and
meta-analysis. Support Care Cancer. 2023
Jan 12;31(2):112.
-
Araújo JL,
Nitz D. Comitê de neurociências e
tecnologias aplicadas à dor: Modulação
da Dor com Realidade Virtual. SBED Vol.
04 N° 04 Out/Nov/Dez 2020
* Aluna de
mestrado - UnB - disciplina da
Pós-Graduação